Acém, contrafilé ou patinho: qual o corte bovino que ficou mais caro?

Em 2024, a carne tornou-se um dos principais influenciadores da inflação dos alimentos no Brasil. 

De acordo com dados do IBGE, essa alta foi impulsionada especialmente a partir de setembro. Antes disso, o preço da carne sofreu quedas mês a mês entre janeiro e agosto. 

O impacto mais notável foi sentido nos cortes populares, com o acém, patinho e contrafilé liderando as tabelas de aumento. Esses aumentos contribuíram significativamente para a inflação no setor alimentício, com um avanço de 7,69%. 

Este fenômeno alarmou consumidores e acionou sinais de alerta entre analistas que preveem a continuidade dessa tendência até 2026.

Como o clima afetou a produção de carne?

A seca no ano passado aumentou e as queimadas prejudicaram a formação de pastagens adequadas. Com menos pasto disponível, a alimentação dos bovinos foi comprometida. 

O confinamento dos gados geralmente seria uma solução para aumentar o peso dos animais, porém os custos impeditivos resultaram em menos investimentos nessa prática.

O ciclo pecuário e seus impactos no mercado

Os ciclos de alta e baixa na pecuária são influenciados por várias circunstâncias, como a decisão dos pecuaristas em manter ou não as vacas para reprodução. 

Quando se espera uma alta nos preços dos bezerros, as fazendas tendem a reter as vacas, elevando os custos do gado no mercado.

Essas dinâmicas começaram a se inverter no final do ano passado. Após anos de abates em larga escala, a disponibilidade de animais para abate diminuiu. Esse ajuste foi refletido nos preços, que começaram a subir novamente. 

O papel do Brasil na exportação de carne

Em 2024, a demanda externa por carne bovina brasileira atingiu picos recordes, impactando a oferta doméstica. 

Com a exportação de 2,8 milhões de toneladas, o Brasil destacou-se como o maior exportador mundial, respondendo às demandas que outros países, como Austrália e Estados Unidos, não conseguiram suprir naquele momento.

O incremento nas exportações repercutiu em diferentes regiões do país, com o Sudeste experimentando aumentos de preço mais significativos em comparação ao Norte, onde o mercado se baseia mais em produtores locais.

Impacto da renda e das festas no consumo de carne

A alta na demanda interna também foi alimentada pela melhoria na renda do consumidor brasileiro. A queda nas taxas de desemprego, somadas à valorização do salário mínimo e ao impacto de benefícios sociais, resultaram em mais dinheiro circulando no mercado. 

As festividades de final de ano, tradicionalmente marcadas pelo aumento no consumo de carnes, também colaboraram para a manutenção de preços elevados, numa conjunção de fatores que excedeu as expectativas dos economistas para 2024.

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