Todos os anos, bilhões de aves embarcam em jornadas migratórias, percorrendo milhares de quilômetros para buscar climas mais amenos e fontes de alimento abundantes. Nesse trajeto, muitas delas têm de voar sobre vastas extensões oceânicas, onde não há locais para pouso.
Assim, surge a curiosidade sobre como essas aves conseguem descansar durante voos tão longos.
As aves migratórias, ao cruzarem os oceanos, enfrentam desafios imensos que exigem preparação física detalhada.
Para isso, criam reservas energéticas que lhes permitem manterem-se em voo por longos períodos sem parar. A ciência revela comportamentos fascinantes sobre como essas aves lidam com as extenuantes viagens oceânicas, ajustando suas rotas para economizar energia.
Quais Estratégias as Aves Usam para Descansar no Oceano?
Estudos recentes mostraram táticas impressionantes que aves empregam para navegar sobre o oceano. Anteriormente, considerava-se que a turbulência do vento não era significativa na superfície do mar.
Contudo, aves como o falcão-peregrino e a águia-pescadora utilizam correntes de vento favoráveis para economizar energia, voando grandes distâncias sem pausas.
Curiosamente, algumas aves também encontram descanso temporário em navios ao cruzar o oceano. Pesquisa feita no Mar Mediterrâneo revelou que 13 espécies distintas de aves pousam em embarcações, utilizando-as como ilhas temporárias para recuperar suas energias.
No entanto, o tempo médio de descanso é curto, devido à escassez de alimentos a bordo.
Os Pássaros Conseguem Dormir Durante o Voo?
Pesquisadores do Instituto Max Planck de Ornitologia descobriram que algumas aves, como as fragatas, são capazes de dormir em voo.
Isso é feito através de um processo chamado sono uni-hemisférico, onde apenas metade do cérebro permanece ativa enquanto a outra descansa. Dessa forma, as aves mantêm a vigilância necessária para navegar de forma segura.
Apesar de ser breve, o sono REM durante o voo permite que estas aves mantenham o controle aéreo essencial. As fragatas alternam entre o sono de ondas lentas (SWS) e o sono REM, uma estratégia adaptativa que lhes possibilita enfrentar longos períodos sem pousar.
Como as Aves se Preparam para Migrações de Longa Distância?
A preparação para a migração é crucial para a sobrevivência das aves. Antes de iniciarem suas viagens que podem alcançar mais de 10 mil quilômetros, aves como as limícolas alteram seus organismos para o que é conhecido como “fisiologia de resistência”.
Estudos da Universidade Austral do Chile indicam que essas aves aumentam os níveis de antioxidantes em seus corpos, reduzindo substâncias reativas de oxigênio. Essas adaptações ajudam a mitigar o estresse oxidativo, um resultado do esforço prolongado durante a migração.
Esse período de preparação é fundamental, pois qualquer erro ou perda de energia pode ameaçar a segurança das aves ao longo de suas viagens. Compreender essas dinâmicas é vital para a conservação de espécies migratórias e para assegurar que continuem a realizar suas incríveis jornadas ano após ano.